5 filmes animados tão negros como filmes de terror

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Há filmes que marcam a nossa infância pelo melhor e pelo pior. Neste Halloween viemos mostrar-te que o terror pode vir também de algumas memórias de infância. Estes são cinco filmes de animação com temas assustadores.

The Black Cauldron (1985)

“The Black Cauldron” (“Taran e o Caldeirão Mágico”) saiu no ano de 1985 e é considerado como um dos piores “flops” produzidos pela Disney. Baseado na série de livros “As Crónicas de Prydain” de Lloyd Alexander, esta produção contou com um orçamento de 22 a 44 milhões de dólares, recorrendo a técnicas de animação consideradas avançadas para a época. No entanto, o filme só acumulou 21 milhões de dólares em receitas, tendo só sido lançado para VHS 10 anos após a sua estreia no cinema (1995).

O filme conta a história de Taran, um rapaz que, como muitos protagonistas em histórias de fantasia, asneia por partir para a aventura. A oportunidade surge quando o seu tutor Dalben lhe incumbe a tarefa de proteger uma porca (Hen Wen) com poderes mágicos de modo a impedir que o temível Horned King deite as mãos ao Caldeirão Negro, um artefacto que permite ao seu mestre a possibilidade de criar um exército de mortos vivos. Pelo caminho o jovem conhece uma estranha criatura de nome Gurgi, a princesa Eilonwy e o bardo Fflewddur Fflam.

Talvez um dos fatores que tenha contribuído para o fracasso deste filme nas bilheteiras tenha sido o seu tom mais negro quando comparado com outros filmes da Disney. O seu tom de imagem, banda sonora e ambiente tornam este filme um pouco assustador, embora no fim se torne numa experiência pouco memorável.

Contudo o que torna este filme mais assustador é o factos de vários testes de pré-estreia levaram a que várias cenas do filme (quase 12 minutos do produto inicial) tivessem que ser cortadas. Dessas, cenas cortadas a mais famosa passa pelo momento em que o Horned King cria o seu exército de mortos-vivos, usando homens vivos. Num pequeno excerto dos clips de animação que foram recuperados dá para ver claramente um homem em sofrimento à medida que a sua pele se decompõe ficando reduzido a osso.

Entre outras cenas cortadas estão a cena em que um capanga do antagonista é cortado ao meio e depois recebe um novo corte no pescoço, uma cena de decapitação e um momento no qual a princesa Eilonwy aparece com as roupas rasgadas de tal modo que está parcialmente nua. Diz-se que John Hale, o produtor, tem em sua posse uma versão completa do filme a preto e branco, contudo, apesar dos rumores de que este filme vá ter uma versão live action, é improvável que algum dia a versão completa do filme seja divulgada.

Ringing Bell (1978)

Ringing Bell (título em japonês: Chirin no Suzu), de 1978, foi um filme marcante na vida de várias crianças japonesas e norte-americanas. Os temas deste filme levaram a que este recebesse classificações superiores em diversos países (exceto nos EUA, que mantiveram uma classificação mais disponível para os mais novos).

Esta é a história de Chirin, um cordeirinho cuja infância é destruída quando a sua mãe é morta diante dos seus olhos por um lobo feroz. O pequeno parte em busca de vingança o que o leva a, ironicamente, pedir ao mesmo lobo que matou a sua mãe que o treine de modo a se tornar mais forte.Só a premissa indica que isto se trata de uma história bastante pesada para um filme dirigido a crianças, tomando claramente uma via similar à de “O Conde de Monte Cristo” ao apontar o quão destrutiva a vingança pode ser para a vítima e para o vingador. Mostra também o que acontece quando alguém quebra o “ciclo da vida”, algo que o “lobo mau” da história visa manter.

Além de alguns momentos extremamente deprimentes, tais como a morte da mãe de Chirin, a sua solidão à medida que vai convivendo com o lobo, ou o momento em que ele destrói uns ovos de pássaro por acidente, aquele que provavelmente se torna no momento “alto” do filme é quando vemos o pequeno a crescer e a tornar-se visualmente tão aterrador como o lobo. O seu tamanho aumenta, os seus chifres tornam-se mais afiados e o seu olhar difere bastante quando comparado com o que a personagem tinha em pequeno. O que torna este filme assustador é a transição de Chirin de um estado de inocência para um estado rancoroso e vingativo, o que torna esta película numa mensagem verdadeiramente arrepiante especialmente para um público mais novo.

The Secret of Nimh (1982)

“The Secret of Nimh” (“O Segredo de NIMH” / “A Jóia Encantada”) é considerado o melhor filme do cineasta Don Bluth. Esta produção teve mais coragem do que “The Black Cauldron” no que toca a mostrar imagens assustadoras, mantendo ainda assim uma classificação acessível a muitas crianças (Maiores de 6).

O filme apresenta uma história um tanto complexa que começa com uma rata (Mrs Brisby) que está a tentar salvar o seu filho doente da rotina do Fazendeiro Fitzgibbon. A sua jornada irá levá-la a descobrir alguns segredos relacionados com o seu falecido marido, nomeadamente as experiências conduzidas pelo National Institute of Mental Health (NIMH) em ratos (algo que é explicado de forma bastante visual).

Sem dúvida que algumas das personagens mais assustadoras são o gato Dragon e o The Great Owl. A sensação de perigo é acentuada pelo facto de a personagem ser uma rata, uma criatura pequena e portanto sujeita a diversos perigos quer pela mão do homem quer pela mão de outros animais maiores que ela. Isto é uma das razões pelas quais Mrs. Brisby se destaca como uma personagem forte: a sua vontade de mover montanhas pela vida dos seus filhos.

Watership Down (1972)

Este tratou-se de um filme que foi visto por diversas crianças nos EUA, devido à típica concepção de que os cartoons só têm crianças como público alvo. Aliás, neste ano durante o Dia de Ação de Graças este filme foi emitido em horário diurno o que levou a que muitas famílias assistissem. Basta ver o vídeo em baixo para se ver que o público pretendido não era exatamente infantil.

https://www.youtube.com/watch?v=C_D9H86WAi4

Tal como “The Secret of Nimh”, este filme faz questão de misturar a crueldade da vida real com o desconhecido, existindo assim uma mitologia em torno da história do coelho enquanto espécie. A narrativa foca-se precisamente num grupo de coelhos que partem numa busca por uma “terra prometida” longe do perigo e dos humanos. Este é capaz de se um dos filmes mais conhecidos da carreira do falecido John Hurt, que dá voz ao protagonista e líder do grupo Hazel.

No entanto, neste filme, o perigo e a fragilidade das personagens enquanto coelhos são bastante mais explícitos e com consequências bem mais marcantes. Vemos a única fêmea do grupo a ser morta por um falcão, um coelho a escapar à morte por pouco após ter o seu pescoço preso numa armadilha e até várias cenas gráficas em lutas entre coelhos e outras espécies. Num filme no qual o tema principal é o da sobrevivência este tipo de conteúdo mostra o quão cruel a vida na natureza consegue ser.

Plague Dogs (1982)

Do mesmo realizador de Watership Down, “Plague Dogs” (1982) não escapou tão facilmente nem às classificações de idade, nem à ingenuidade de vários pais face a desenhos animados. Além do seu conteúdo gráfico e origens britânicas, mais uma vez é John Hurt quem dá a vida e a voz a um dos personagens principais desta produção.

A história centra-se em dois cães, Rowf e Snitter, que residem num laboratório no qual foram sujeitos a experiências cruéis e traumáticas. Assim que os dois canídeos encontram uma oportunidade de escapar, logo terão de se adaptar às crueldades da vida real, sobrevivendo enquanto fogem aos seus captores.

Quer no laboratório quer no exterior os perigos espreitam para os dois cães. Logo na cena de abertura vemos Rowf a ser afogado e ressuscitado. No momento em que os dois cães conseguem fugir do laboratório vemos várias experiências clássicas (criadas por Harry Harlow e B. F. Skinner) e cruéis conduzidas em animais. Quando a ação passa para o mundo exterior torna-se evidente que a vida não será em nada fácil para os dois cães devido à sua ingenuidade e traumas vividos no laboratório. A cena mais chocante e mais recordada é talvez o momento em que Snitter mata acidentalmente um homem que não lhe pretendia fazer qualquer mal.

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