Will Smith defronta-se a si mesmo neste novo filme de Ang Lee, que promete alargar os horizontes tecnológicos da magia do cinema.
Will Smith contra Will Smith – ora aí está algo que não se vê todos os dias. E pelas mãos do visionário Ang Lee, realizador de “A Vida de Pi”… Penso que isso despertará a curiosidade de qualquer amante de cinema de acção.
“Projecto Gemini” conta-nos a história de Henry Brogan (Will Smith), um assassino a contrato fora de série que, devido ao facto de ter executado a pessoa errada, terá de se confrontar com outro assassino que o seu governo enviou para o matar. Porém, tudo se complica quando descobre que o assassino é um clone mais novo de si mesmo.
Ang Lee é um visionário que tenta sempre, em cada filme que realiza, fazer com que o cinema dê um salto em termos tecnológicos e do espetáculo de ver uma película no grande ecrã.
Neste caso de “Projecto Gemini”, o realizador gravou todo o filme com uma definição altíssima, a passar entre 60 a 120 frames por segundo. Isto transforma a imagem que o espectador vê super fluída, hiper realista e transmite uma adrenalina impagável, até mesmo para momentos apenas diálogos entre personagens.
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No que toca a acção, o filme desliza entre o fenomenal e o razoável. Fenomenal quando Ang Lee nos deixa apreciar com todo o requinte o que acontece no ecrã, em especial um momento de perseguição vertiginosa pelas ruas da Colômbia (de longe o melhor momento do filme). Razoável no que toca no combate corpo-a-corpo, demasiado tremida e junto das personagens, sem qualquer paladar da genialidade de Lee.
Nas interpretações temos então, Will Smith no comando, que tenta fazer o máximo que consegue com o pouco material que tem. O avanço tecnológico permitiu recriar uma versão mais recente de Will, porém nem todos os momentos são convincentes, principalmente em cenas com demasiada luz. Ainda que, toda publicidade recaí sobre este ponto do filme, o resultado final poderia ter sido mais refinado.
Apesar de todo o seu aparato visual e bom elenco, pouco mais resta de relevante para elogiar este “Projecto Gemini”.
O argumento, que passou por imensas mãos ao longo dos anos, como as de David Benioff e Billy Ray, é demasiado previsível e básico, visto e revisto milhares de vezes em vários formatos no passado. De facto, tanta inovação tecnológica não abriu os horizontes para que o argumento fosse ligeiramente mais criativo.
“Projecto Gemini” tinha uma visão concreta, mas pouca ambição para alcançar algo maior.
Em suma, o enredo faz-se acompanhar por diálogos rudimentares e carregados de exposição narrativa, ao ponto de parecer que nem os próprios actores estão interessados em pronunciar aquelas palavras.
Feitas as contas, “Projecto Gemini” tinha uma visão concreta, mas pouca ambição para alcançar algo maior. Em momentos aborrecido, em momentos ridículo e em momentos previsível, Ang Lee não consegue incubir a sua magia nesta película que será facilmente esquecida.