Obi-Wan Kenobi é mais recente adição da Disney+ à saga Star Wars. Traz de volta Ewan McGregor e Hayden Christensen nos papéis de Kenobi e Darth Vader (Anakin Skywalker), respetivamente. Estreou na plataforma de streaming a 27 de Maio.
A desforra de Obi-Wan Kenobi
Esta minissérie passa-se 10 anos após os acontecimentos de Revenge of the Sith. Os Jedi foram praticamente todos exterminados pela Ordem 66, e Obi-Wan vive recluso em Tatooine, escondido do Império e a observar Luke Skywalker. Mas o rapto de Leia Organa por parte da Inquisidora Terceira Irmã vai tirar Kenobi da sua reclusão. Nesta aventura, ele vai fazer novos aliados e também reencontrar o seu velho inimigo Darth Vader, num confronto derradeiro.
Os fãs há muito que esperam por esta reunião, o que torna esta uma das séries com mais expectativas e pressão para ser bem sucedida. Outros fãs mais devotos da saga, têm estado cautelosos por causa da potencial quebra de canon que os acontecimentos desta história poderiam trazer. No entanto, apesar de esticar um bocado o que foi estabelecido nos filmes originais, esses elementos estão longe de ser o maior problema nesta produção.
O retorno de personagens icónicas
Por exemplo, a inclusão de Leia e a sua relação com Kenobi é dos melhores aspetos. Aqui, a princesa de Alderaan é ainda uma criança, por isso temos uma dinâmica interessante com o envelhecido cavaleiro Jedi. Interpretada pela jovem atriz Vivien Lyra Blair, rapidamente aceitamos esta versão infantil da personagem icónica. Tem a mesma teimosia e determinação que tanto adoramos na Leia, bem como uma inocência de criança que a torna muito divertida e cativante de ver. Infelizmente, ao longo da série, o seu papel começa a ficar um pouco repetitivo, sente-se que não sabem muito mais o que fazer com ela de novo. Mesmo assim, e ainda que puristas vejam uma relação quase paternal entre Kenobi e Leia como violação da dinâmica deles em A New Hope, foi uma boa adição que deu energia à história.
Outro potencial atentado ao canon é o encontro que Obi-Wan tem com Darth Vader. Em A New Hope, Vader dá a entender que a última vez que viu Kenobi foi no duelo que tiveram no final de Revenge of the Sith. Apesar de causar alguma confusão no início, as cenas entre os dois, especialmente no último episódio, são as mais espetaculares da série. São poucas, e no todo, para muitos podem não fazer valer todo o “contorcionismo” que têm de fazer para aceitarem estes novos acontecimentos, mas pelo menos a forma como tratam Vader é digna. Sempre que o vemos no ecrã, a sua presença é assustadora e pesada, roubando cada cena em que está.
Um Episódio 3.5 da Saga
Assim, o finale é certamente o episódio mais forte. Percebemos que finalmente está a contar a história que prometeu. A série vagueia um pouco mas consegue nos entregar momentos bons. Em termos técnicos, a realização e montagem não são as melhores que Star Wars já demonstrou; os valores de produção muitas vezes parecem abaixo do que seria esperado numa produção com um personagem tão icónico e amado. No fundo, fico-me a perguntar se não houve algum potencial que foi desperdiçado. Se não havia uma execução melhor de ideias boas que esta série tem, explorando-as de forma mais profunda. De qualquer forma, tem cenas divertidas e funciona como uma espécie de Episódio 3.5, para vermos o que os personagens que tanto gostamos estiveram a fazer entre as duas trilogias.