Depois de iniciar esta nova trilogia em 2015, J.J. Abrams volta à cadeira de realizador para terminar a saga Skywalker neste “Star Wars: A Ascensão de Skywalker”
Neste momento, não existe unanimidade com os fãs de Star Wars. Alguns fãs adoram a nova trilogia, outros a odeiam convictamente – ambas as partes com motivos e argumentos bem fundamentados. Depois do divisivo “Os Últimos Jedi”, infamemente realizado por Rian Johnson, a trilogia terminará ao comando de J.J. Abrams, que tem a missão de terminar a saga de 40 anos dos Skywalker.
Neste filme, voltamos a entrar em contacto com Rey (Daisy Ridley), que está ocupada a treinar os métodos Jedi e a controlar o uso da Força de forma a conseguir ajudar a Rebelião na luta contra a Primeira Ordem.
Do outro lado temos Kylo Ren (Adam Driver), Líder Supremo da Primeira Ordem, que comanda as forças imperiais empenhado em subjugar todos os que se lhe opõem. Porém, nas sombras uma entidade maléfica e ancestral ressurge para voltar ao domínio negro – Palpatine (Ian McDiarmid).
Está bastante vaga esta descrição do argumento, mas é impossível desenrolar a trama sem entrar por campos de spoilers (e sim, esta crítica é spoiler free).
Ora bem: como está este “A Ascensão de Skywalker”? Conseguirá servir de ponte entre o veneração e o ódio e fornecer aos fãs a conclusão épica que todos anseiam?
Vamos então começar pelo mais simples. Visualmente o filme está incrível. Excelentes efeitos visuais e uma fotografia rica em cor e contraste, com ângulos amplos e contagiantes que deixaram todos a salivar. A acompanhar a imagem temos a última banda-sonora de John Williams neste universo, que volta a compor de uma modo encantador, a explorar novos territórios e a redescobrir preciosidades tão queridas para os fãs.
Em relação ao argumento, J.J tinha uma tarefa pesadíssima – conseguir agradar a todos. E, verdade seja dita, ele tentou.
“A Ascensão de Skywalker” é uma aventura espacial envolta numa história de convicções e de polémicas individuais e familiares. Num correria com poucas paragens para respirar, Abrams tenta dar respostas e subverter expectativas ao mesmo tempo, fazendo ajustes e desenlaces a modo a colocar um laço bonito no final da história.
Irão as respostas e desenlaces agradar a todos? Certamente que não. Neste momento, isso é algo impossível de se pedir. Eu gosto de certas decisões e outras ainda me sinto a ponderar sobre as mesmas, mas isso seria material de conversa para outra altura.
O grande pecado no argumento reside na sua exposição narrativa. Abrams pretende fazer muito em pouco tempo. Pretende concluir uma história já conhecida pelo público, introduzindo novos elementos e ainda mais drama, empanturrando os 155 minutos de duração com quantidade de informação suficiente para se escrever um relatório de análise bem mais extensão que esta minha crítica.
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Para conseguir explorar todos os cantos à sua trama, muita da exposição narrativa é feita por diálogos somente construídos para explicar pormenorizadamente aquilo que o espectador necessita de saber para acompanhar a história, sendo que muitas das vezes nós não precisamos dessa âncora.
Se estiver virado para a acção, “A Ascensão de Skywalker” tem disso para dar e vender. Excessiva? Não. Pertinente? Nem sempre. Mas é sempre bem-vinda a adrenalina de vermos guerra em Star Wars.
Tentando ser o mais vago possível, “A Ascensão de Skywalker” é em suma, um filme que tenta agradar a todos, tendo já a noção desde o início que isso será impossível! Boas decisões são tomadas e más decisões também. Tudo dependerá então do ponto de vista do espectador. J.J. Abrams apenas tentou fazer o melhor filme que conseguia – e isso é inegável.
Esta conclusão da saga não irá servir de ponte para a comunidade de fãs. Não agradará a todos. Porém, tem bastantes momentos-chave que farão, certamente, a delícia de muitos.
Num mundo em que cada filme de Star Wars tem de ser visto como a chegada do Messias à Terra, não pode um filme destes ser apenas uma viagem interespacial para miúdos e graúdos? Se calhar sim. Se calhar não.Talvez este debate intergaláctico será perpétuo…