A vingança é servida fria no mais recente thriller de Liam Neeson com muita pancada, humor negro e perseguições de limpa-neves.
Numa altura em que não participava num filme há quase 3 anos e mesmo assim já não era o cabeça de cartaz que em tempos tinha sido, Pierre Morel faz um reboot à carreira de Liam Neeson e lança-o para o patamar dos heróis de ação com “Taken – Busca Implacável”, um thriller francês em que um pai norte-americano viaja até Paris para salvar a sua jovem filha que foi raptada para tráfico sexual.
Uma década mais tarde foram vários os filmes que solidificaram esta sua nova vertente de carreira, principalmente a sua colaboração regular com o catalão Jaume Collet-Serra, com quem fez “Sem Identidade”, “Non-Stop”, “Noite em Fuga” e o ano passado “The Commuter”. Entre filmes melhores (“The Grey – A Presa”) e totalmente genéricos (“Taken 3”), a fórmula começava a repetir-se, mas é então que surge o norueguês Hans Petter Moland, com a proposta de fazer um remake do seu próprio filme de há cerca de 4 anos protagonizado por Stellan Skarsgård “In Order of Disappearance”.
Geralmente os remakes norte-americanos de filmes além-fronteiras costumam falhar redondamente, sendo que, por vezes, estão ao mesmo patamar e muito raramente são melhores que o original. Neste caso, todavia, o facto de “Vingança Perfeita” trazer de volta o realizador do original ajudou muito. O resultado é um filme bem satisfatório que conjuga momentos de raiva e violência a um estilo de humor negro no ponto e ainda alguns momentos de ternura que dão humanidade a um mundo sedento de vingança.
Liam Neeson é claramente o ponto mais forte, navegando o espectador pelas diversas emoções, num filme com quatro frentes de combate: um pai que quer vingar a morte do filho, o traficante de droga responsável, um traficante erradamente metido ao barulho e uma agente da polícia que investiga as mortes causadas pelos três homens e seus capangas. A adaptação do argumento é da autoria do estreante Frank Baldwin que transporta o enredo original norueguês para a américa gelada do Illinois, num ambiente que relembra o “Wind River” de Taylor Sheridan.
“Vingança Perfeita” (cujo título original “Cold Pursuit” faz mais jus à narrativa) sabe aproveitar o melhor de Neeson, o cidadão do ano da pequena cidade, um pai que começa por fazer justiça com os próprios punhos, mas que aos poucos se torna num predador mais evoluído que utiliza limpa-neves, máquinas de cortar árvores e desfaz-se dos cadáveres tal como aprendeu nos livros policiais.
Para além de Neeson merecem destaque no elenco secundário William Forsythe, Emmy Rossum, Tom Jackson, Domenick Lombardozzi, Nicholas Holmes e Elizabeth Thai. Sendo que Laura Dern fica muito sub-valorizada e Tom Bateman como vilão nem sempre surte o efeito procurado.
“Vingança Perfeita” é o filme ideal para quem procura a sua dose anual de Liam Nesson em ação, ficando do lado melhor das inúmeras vinganças e intrigas em que nos habituámos a vê-lo.