Vivarium – A Tua Casa. Para Sempre. não é um filme fácil de classificar. É um drama/ terror/ mistério/ ficção científica, com uma pitada de comédia.
Uma coisa é certa, quem vê, não esquece este filme!
Vivarium é o mais recente filme do irlandês Lorcan Finnegan, com Imogen Poots e Jesse Eisenberg nos papéis principais. De uma maneira muito geral, este filme imagina o terror que é estar trancado na própria casa. Um conceito bastante irónico para pessoas que podem estar em quarentena, não é verdade? No entanto, o panorama aqui é ligeiramente diferente…
Gemma (Poots) e Tom (Einseber) são um jovem casal, apaixonados e cheios de planos. Ela é uma professora e ele é arquitecto paisagista e juntos, vão comprar a sua primeira casa. Este grande passo na vida a dois acaba por levá-los à agência imobiliária que vende casas no subúrbio “Yonder“.
O agente que os recebe é o Martin, um homem muito… Robótico. Desde a sua aparência impecavelmente limpa ao cabelo penteado, camisa branca e calças incrivelmente bem engomadas. Martin parece muito prestável – quando Gemma e Tom lhe explicam o que querem, oferece-se imedatamente para os levar a Yonder. O clima suspeito aumenta quando Gemma lhe pergunta onde é e não há uma resposta directa. Martin apenas diz que é à distância certa…
Quando chegamos a Yonder, não podemos deixar de lado a palete de cores sóbria e aborrecida que este subúrbio mostra. Gemma e Tom entram na casa verde nº 9, num sitio onde todas as casas são exactamente iguais… Até perder de vista. O interior destas casas é horrivelmente monótono e conformista.
Claro que dá arrepios a Gemma e a Tom que querem logo sair de Yonder. No entanto, dão por si presos num labirinto de casas sempre iguais. Quando Tom sobe a um telhado para ver onde é a saída, apenas vê casas… Tudo igual. Parece que este casal não vai a lado nenhum.
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Poots e Einseberg aguentam bem este papel de jovem casal em pânico por estarem presos dentro do mesmo bairro e dentro da mesma casa – o número 9. Esta química que o casal tem é excelente porque durante uma boa parte do tempo, eles são os únicos no ecrã, mas sem tornar o filme exaustivo.
Gemma e Tom ficam na casa que lhes foi inicialmente dada para ver e caixas de comida vão aparecendo à porta. Dá para ter uma pequena esperança que alguém vá lá todos os dias não? Quando achávamos que a narrativa não ia dar em mais nada, de repente aparece um bebé.
Com este bebé, aparece uma misteriosa mensagem “Criem este rapaz e serão libertados“. Esta tarefa acaba por se revelar um autêntico pesadelo. O bebé cresce a uma velocidade alarmante, tornando-se rapidamente numa criança, é carente, está sempre com fome, é rude e comunica por gritos – Gemma e Tom perdem o controlo e a paciência num ápice.
É incrível como este casal fica afectado pelo subúrbio e como começam a actuar segundo o seu género: Tom, o homem, completamente fixado no seu trabalho (está a cavar um buraco no chão) e Gemma, a mulher, que se sente responsável pela criança. Einseberg deixa o seu Tom ser completamente “envenenado” pelo desespero, sendo forçado a aceitar esta nova vida. É Poots quem dá a performance mais forte na segunda parte do filme. Gemma parece cansada de tudo, com olheiras e cabelos em pé, mas também há uma certa resiliência, dando a ideia que vai haver um twist a qualquer momento.
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Vivarium tem fortes ideias, grandes performances de Poots e Einseberg e um design de produção espetacular. Este viveiro, onde é suposto ver seres vivos a percorrer o seu ciclo de vida não podia vir mais a calhar neste período de pandemia. É compreensível achar que este filme é uma metáfora para a vida de subúrbio que os casais tendem a levar: todos os dias sempre iguais, até chegar uma criança que obriga a mudar a rotina.
O filme de Finnegan não é subtil no modo como julga este tipo de vida, mas é isto que torna o filme memorável e a sua mensagem eficaz. Apesar da ideia simples e da duração demasiado longa, Vivarium é cheio de pontas soltas, dando ao espectador a diversão de tirar as próprias conclusões.
“Vivarium – A Tua Casa. Para Sempre.” estreou a 5 de Novembro.