Em finais de abril passado estive em Southbank no BFI para cobrir o Radio Times Festival pela primeira vez.
No sábado prévio tive o prazer de conversar com o elenco da nova série da BBC “Years and Years“ que estreou exclusivamente na HBO Portugal.
Com apenas 6 episódios esta série conta a historia da familia Lyons, de Manchester, através de anos e de como esta se relaciona com um futuro turbulento. Estive à conversa com os atores Maxim Baldry, Rory Kinnear, Russel Tovey, T’Nia Miller e Ruth Madeley e com o argumentista e criador Russel T. Davies (mais conhecido pelo seu contributo em séries como Doctor Who, Torchwood e Queer as Folk).
Ver também: As 7 Melhores Mini-Séries ou Antologias da Década
O que mais me atrai nesta serie é o drama familiar. Foi esta uma das razões pela qual escolheram este projecto?
Maxim B: Yeah! Em todos os dramas familiares há este elemento humano que nos é familiar e que qualquer pessoa se pode identificar. Mas esta série também explora temas épicos e eu acho que as famílias se podem rever nisso.
T’Nia M:Porque todos nós temos uma familia, seja ela biológica ou uma familia que herdamos. E num drama familiar tens um espectro maior de personagens que cada um de nós se possa identificar. Seja porque somos idênticos ou porque conhecemos alguém assim.
Ruth M:Omg! Eu acho que não consigo dizer tudo nesta entrevista. Mas esta série é sobre uma familia a tentar sobreviver e a manter-se unida.
Russell T:O facto desta história ser contada através de uma familia de Manchester. Uma historia sobre o que se passa no mundo mas através desta familia. Que mesmo quando tudo corre vai de mal a pior tens que continuar a viver. Isto é como uma familia sobrevive a uma mudança tao grande politicamente.
Russell T. D: Eu tinha esta historia na minha cabeça á anos! E eu acho que muito do que existe neste momento na Televisão é sobre feiticeiros e naves espaciais e eu sou responsável pela maioria disso (Risos) mas não vemos muito da vida real no ecrã e eu queria fazer algo assim: a historia de uma familia a tentar sobreviver no mundo moderno.
Uma das coisas mais interessantes nesta série é o salto no tempo. Como abordaram o vosso trabalho, as vossas personagens e, no caso do Russell T. Davies, a escrita?
Maxim B: O salto no tempo foi um pouco estranho para mim porque tenho vinte e três anos e tive que fazer a minha personagem com trinta e sete. E eu pensei “M***a! Isto vai ser bem difícil!” (risos)
T’Nia M:É imenso! Quinze anos! Eu comecei a fazer uma linha de tempo, escrever notas e claro, quando chegou o dia de gravações foi tudo pelo ar! (risos) Basicamente no dia tinhas que trabalhar com o que tinhas á tua frente. É quase impossível tentar compreender tudo o que se passa.
Ruth M:Esse foi o maior desafio para mim como atriz. Tive que crescer com a personagem num curto espaço de tempo e como ela lida com as situações e a familia. Sinto que explorei várias partes dela.
Russell T:Eu confesso que acho que o maior trabalho é da equipa técnica que tem envelhecer os actores e decidir como as pessoas se iriam vestir daqui a quinze anos. Mas o argumento é tão bom e sentes que esse crescimento está lá. Mas eu penso em como eu era á dez anos atrás e na verdade não mudei assim tanto. Talvez seja mais maduro e conheço mais do mundo. Talvez seja mais calmo agora (risos).
Rory K:Mesmo assim tens que fazer a tua preparação. Há uma quantidade de historia que podes adicionar á tua personagem. Mesmo quando apenas tens um salto de cinco anos, tens na mesma que preencher os vazios. Foi engraçado tentar estar a par de tudo.
Russell T. D: É bastante revigorante não é? Porque tudo começa em 2019 e um bebé acaba de nascer e alguém pergunta: com será o futuro? E woosh…somos transportados para lá e as regras deixam de existir. Eu não queria um futuro de carros voadores e etc. É o mundo de agora mas bem mais complicado.
Quando souberam que iria ser escrito pelo Russell T. Davies qual foi a vossa reacção?
Maxim B: Nem precisas de terminar a pergunta: eu aceitei.
T’Nia M:Omg! Tão emocionante! Ele é uma lenda!
Ruth M:Eu acho que o Russell T. Davies é um génio.
Russell T:A escrita, o dialogo!
Rory K: Muito emocionante! A escrita dele, os seus dramas são tão dinâmicos e arriscados. Ele torna as suas personagens tão universais e empáticas. Eu sabia que iria ser interessante. Nem precisas de ler mais de vinte paginas de argumento para dizer sim. É daquelas coisas que se não for um sucesso a culpa é só nossa (risos).
Como foi criar a personagem protagonizada por Emma Thompson?
Russell T. D: Eu inspirei-me no que está a acontecer á minha volta e como os politicos usam as redes sociais e os media para se tornarem populares e ganharem votos. Ter uma actriz como a Emma Thompson foi algo que eu apenas sonhei e achava que nunca iria acontecer porém aconteceu e eu não poderia estar mais feliz!
Esta série também mostra a inclusão e a diversidade, como se sentem?
Maxim B: Bem! Eu sou do Este da Europa e interpreto alguém que também o é e isso foi algo muito bom de explorar!
Ruth M: Eu sinto-me extremamente privilegiada por ter tido esta oportunidade. Por estar envolvida numa série como esta. Esta personagem originalmente não tinha uma desabilidade. Eu sei que ainda temos um longo trabalho pela frente mas há mudanças a acontecer e eu não podia estar mais orgulhosa por fazer parte delas.
Se pudessem escolher um desenho animado da vossa infância para serem ou interpretarem quem escolheriam e porquê?
Maxim B: Omg! Esta pergunta é fantástica! Do filme El Dorado, o Miguel! Eu adoro esse filme! Aventura!
T’Nia M:O Pato Donald! (risos) Ele é brilhante e tem aquela voz engraçada!
Ruth M:A Vanellope! Alguém devia fazer isso acontecer! Próximo trabalho! (risos)
Russell T: Eu escolho o Robin Dos Bosques do filme de animação da Disney. Ele era a personagem mais fixe e era uma raposa! (risos) Adoro esse filme!
E assim nos despedimos desta conversa fantástica. Todo o elenco estava bem disposto e cheio de energia para a estreia do primeiro episódio da série. Foi um privilegio para mim conversar com o Russell T. Davies, a quem devemos grandes episódios de Doctor Who.
Conversar com o actor Russell Tovey que me contou que adora Portugal e visitou Lisboa recentemente e estivemos a falar de comida portuguesa e de filmes de animação. Conhecer o ator Rory Kinnear foi também um momento alto da noite e estivemos a conversar um pouco sobre a série “Penny Dreadful” (onde o actor interpretou a Criatura de Frankenstein) e que a série tem grandes probabilidades de regressar!
Não percam “Years and Years” na HBO Portugal!
Com Maxim Baldry
Com Russell Tovey
Com Rory Kinnear