“Presos no Tempo” não é um dos clássicos de M. Night Shyamalan nem é um dos seus míticos desastres.
Gael García Bernal, Vicky Krieps, Thomasin McKenzie e Alex Wolff são alguns dos nomes que compõem o elenco.
Baseado na novela gráfica franco-suíça “Castelo de Areia”, escrita por Pierre Oscar Lévy e ilustrada por Frederik Peeters, “Presos no Tempo” é o novo filme de M. Night Shyamalan, agora que terminou a trilogia de “Unbreakable – O Protegido”, com o excelente “Split – Fragmentado” (2016) e o menos bom “Glass” (2019).
Shyamalan colocou a fasquia muito alta desde cedo com clássicos como “O Sexto Sentido”, nomeado a 6 Óscares, incluindo Melhor Filme, e o já referido “Unbreakable”. Ambos tinham fortes plot-twists no terceiro ato, que mudavam toda a perspetiva do que tínhamos acabado de ver.
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Essa acabou por tornar-se na grande imagem de marca do realizador, para o melhor e para o pior, e nos dois filmes que se seguiram, “Sinais” e “A Vila”, a reação do público e da crítica já ficou mais dividida, exatamente devido aos ditos plot-twists.
Mas um dos mais ridículos chegaria com “O Acontecimento”, que partia de um conceito extremamente interessante de que nas grandes cidades todas as pessoas começavam a suicidar-se sem explicação aparente. O problema é que para além de momentos de péssima representação, a roçar no incrédulo para os atores envolvidos, “O Acontecimento” fica marcado por um plot-twist que simplesmente não resulta.
“Presos no Tempo” até podia sofrer de um problema semelhante, mas a melhor decisão de Shyamalan neste filme, foi de nem ligar à explicação. Há uma razão para tudo o que acontece? Sim. É ridícula e sem sentido? Sim. O realizador faz disso um ponto importante do filme? Não. Problema resolvido? Mais ou menos, mas se tivesse insistido seria pior.
Neste filme, Shyamalan não está preocupado nas explicações mas na viagem emocional das personagens, a forma como evoluem enquanto família e como lidam com os bons e os maus momentos à medida que crescem e envelhecem.
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Para um filme que coloca as suas personagens numa praia em que inexplicavelmente envelhecem décadas em poucas horas, a vertente emocional é verdadeiramente o ponto de vista certo para abordar a história. Funcionando melhor que a via da violência gratuita, no entanto, “Presos no Tempo” parece o tipo de filme que avançou demasiado rápido na produção.
Certas cenas parecem não ter tido tempo suficiente de maturação para melhorar quer o diálogo, quer a prestação dos atores, que às vezes parecem não ter tido takes suficientes para melhorar o seu desempenho. O filme tem assim momentos de pura ternura ou choque que funcionam verdadeiramente bem, contra momentos que soam a falso pelas linhas de diálogo e a forma como são proferidas.
É assim um filme que tinha potencial para ser muito melhor, mas que se mantém à tona, dependendo daquilo que cada espectador aceitar e seguir em frente como puro divertimento ou esbarrar no ridículo e não conseguir aproveitar o resto.
“Presos no Tempo” encontra-se em exibição nos cinemas.